terça-feira, 30 de setembro de 2008

Veneza

A estupidez às vezes dá bons resultados.

Depois do café (talvez o mais fraco até agora), saímos e fomos direto até o campanário. Na passagem pela praça, a Fátima me chamou a atenção: estava saindo água dos bueiros. Quando a maré sobe, há um grande risco de tudo ficar debaixo d`água. Até estão reformando o sistema de drenagem de toda a praça, para evitar o problema no futuro próximo. Voltando ao Campanário, esse a gente sobe de elevador (€8,00 per capita), então nada de Red Bull. Bela a vista de cima dos seus 100 metros de altura. A torre original, construída em 1173, desabou em 1902 por problemas de fundação. A “nova” foi inaugurada em 1912.


San Marco


Palazzo Ducale


A piazza

Do Campanário, entramos na fila para entrar na Basílica de San Marco. Grande, mas andando rápido. A área embaixo das arcadas estava com água da maré. Ainda bem que a gente entra por uma passarela metálica. Subimos direto ao “Museu Marciano”, no que podemos chamar das galerias da igreja. €4,00 por pessoa, mas vale a pena. Primeiro de tudo, tem-se uma bela vista do interior da Basílica. No museu estão alguns exemplares de mosaicos que parecem recém executados. São sensacionais. Mas o melhor são os “Cavalos de San Marco”. Uma quadriga em bronze, com datação de carbono 14 para o século II A.C., trazidos de Constantinopla para Veneza pelo doge Enrico Dandolo em 1204, como espólio de guerra. Foram colocados no local “atual” em 1250. Atual entre aspas, pois os originais foram retirados da área externa e trazidos para a proteção do Museu Marciano por volta de 1980. Os que se vêem da praça são réplicas... Ficamos por um bom tempo admirando os cavalos, antes de passearmos na galeria externa.


A piazza de novo, dessa vez do Duomo

Também uma linda vista da praça. Voltamos para admirarmos mais um pouco os cavalos – perto dos originais, as réplicas são completamente sem graça. E quando se pensa que aqueles cavalos tem mais de 2200 anos de fundição, a gente fica emocionado.

Descemos para a a nave da Basílica. Os mosaicos dourados do teto são maravilhosos. Atrás do altar principal, está colocada outra das principais atrações de San Marco – a Pala d`Oro, uma peça de ourivesaria de 348 x 140 cm, executada por volta de 978. São 250 pinturas esmaltadas sobre folhas de ouro, com uma moldura gótica de prata dourada. Ao longo do tempo foram acrescentadas pedras preciosas, como rubis, safiras e ametistas, além de um bom número de pérolas. Napoleão em 1797 garfeou algumas delas, mas ainda impressionam.


Na piazza, com a orquestra

O Palazzo Ducale estava fechado hoje – nada de visitas. Paramos então num dos cafés da praça com “orquestra” tocando, e pagamos uma boa quantia por um capuccino e uma mineral com gás, só para lá sentar e ouvir os sujeitos tocarem. Quando teremos outra oportunidade de tomarmos um capuccino na Piazza di San Marco com música ao vivo, com instrumentistas e garçons vestidos a rigor? Vale o preço.


A ponte

Rápida paradinha no hotel para nos agasalharmos melhor, e fomos então em direção à Ponte di Rialto (Ana, ela está na tua relação? – aqui a internet é muito cara para eu conferir...). A ponte atual é de 1592, e vence um vão de 28 metros com um único arco. Muito tison, com as lojinhas e as 3 “passagens”.


Santa Maria Gloriosa dei Frari

Seguimos nossa caminhada até a Chiesa Santa Maria Gloriosa dei Frari, passando por pontes, canais e praças (em Veneza, fora San Marco, todas as outras praças são chamadas de “Campo”). Quatro coisas merecem destaque: a “Assunção da Virgem”, de Ticiano (atrás do altar mor), o túmulo de Canova (uma pirâmede por ele projetada para ser um monumento a Ticiano, mas que não foi edificada – quando ele morreu, em 1822 os seus alunos usaram o seu projeto para o seu próprio túmulo), a “Madona e Menino” de Belini (no altar da sacristia) e o “Coro de Monges” – um conjunto de cadeiras entalhadas em madeira (1468) com releveos de santos e cenas da vida de Veneza.


Vejam o tráfego intenso de gôndolas


Começando a chover

Quando saímos o tempo estava ainda mais fechado e frio. Pertinho dali fica a “Scuola Grande di San Rocco”. Lá chegando, achamos que não valia a pena pagar os € pedidos (nosso guia não dava nenhuma estrela para o que tem lá dentro). Na frente tinha um outro prédio com um cartaz anunciando uma exposição sobre Vivaldi – era grátis, então entramos. Muito interessante – mostrava um grande número de instrumentos antigos, inclusive um tipo de violino chamado de “mudo” que não tem a caixa de ressonância – um deles tinha uma espécie de “corneta”. Gostaria de escutar o som, mas não era possível.

Se o tempo tinha fechado, agora tinha começado a garoar. Não aquele chuva, mas uma garoa chata. Tivemos que postergar nossa idéia de um passeio de gôndola, e voltamos o mais rápido possível para o hotel, afinal os nossos guarda-chuvas comprados em Roma tinham ficado no carro láááááá no estacionamento. Demos uma boa descansada antes de saírmos novamente.

Agora é que vem a explicação da estupidez lá do começo de hoje. Como sempre, eu termino o meu café 5 horas antes da Fátima. Fui para o quarto para tomar banho. Cheguei na frente do elevador e apertei o botão. E nada do dito chegar. Aí fui informar ao recepcionista que devia ter algum problema. Nesse interregno, vi um cartaz sobre um concerto numa igreja cá de Veneza, com as Quatro Estações de Vivaldi no programa. Preço acessível, escolha feita – vamos ao concerto. Mas onde está a estupidez? É que o elevador só vem se você aperta o botão depois que ele para. A tua apertada “anterior” não serve para nada. Ou seja, eu estava parado na frente do “ascensore” esperando por uma chegada que nunca ia acontecer se eu não apertasse o botão de novo. Estúpido. E ainda tive que ouvir o recpcionista me explicar que eu tinha que apertar o botão. Só faltou eu ficar lá na frente chamando “elevador... elevador...”.


No concerto

O concerto era com os “Interpreti Veneziani”, na Chiesa San Vidal – uma caminhada de uns 10 minutos do nosso hotel. Chegamos na igreja por volta das 20:25 e já tinha uma pequena fila. Ainda garoava levemente, mas não foi nenhum problema. Pouco depois das nove começou o concerto. Isso sim que não tem preço. Assitir uma peça do veneziano Vivaldi tocada numa igreja veneziana por venezianos, foi uma experiência, digamos assim, veneziana. Sensacional, maravilhoso, e quantos outros adjetivos a mais vocês me ajudarem a escolher. O concerto terminou por volta de 10:45 (com 2 bis). Voltamos para o hotel e dormimos uma noite maravilhosa. Não sem antes nos darmos conta que saímos de Veneza já amanhã, dia primeiro, e não no outro dia, como tínhamos em mente. Refizemos algumas programações e prá caminha.

3 comentários:

tete disse...

Que bom que seguiu o conselho desta leitora assídua...fotos! fotos!!!!!
Beijos

Ana Balbinot disse...

Tá meio perdoado, e isso só porque entrou no meu blog pra conferir! hehehe! Mas só estará 100%perdoado, quando atualizar e colocar as fotos!
Bjs
*PS* Também gosto de comentários no meu blog...

Ana Balbinot disse...

Adorei absolutamente tudo desta postagem! Tá tão bom de ler, que as fotos nem estão fazendo tanta falta assim! Emocionante...
Quanto à ponte Rialto, não tem nas minhas postagens.Infelizmente!
Adorei o comentário que vcs fizeram
no meu blog, valeu!
Beijos e até amanhã