segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O sonho acabou (mas ainda tem quibe)

Essa viagem entre muitas outras nos ensinou mais uma: na limitação de nossa ignorância, faltam adjetivos para transmitirmos a beleza de todas as coisas (essa foi em homenagem a uma das leitoras mais assíduas e participantes desse blog).





Garda - a primeira parada

Saímos do hotel relativamente cedo, na madrugada das 10:30, direto para Garda. Garda foi a cidade em que fiquei hospedado (até passamos de propósito na frente do “meu” hotel) daquela outra vez que vim para a Itália. Continua linda e maravilhosa – agora com a Fátima ao lado, melhor ainda.


O lago

Passeamos pela margem do Lago de Garda, com as suas águas límpidas, transparentes (e geladas), pelas suas ruazinhas charmosas, pelas suas lojinhas. Numa delas compramos a infalível “sacola a mais para carregar coisas porque faltou espaço nas malas”. A Fátima aproveitou e comprou também uma bolsa linda. Tudo Beneton, fabricado, por incrível que pareça, em Vicenza (perguntei ao vendedor se era “made in china” e ele quase se ofendeu: “todas as bolsas Beneton são fabricadas aqui do lado em Vicenza. Nada de China”. Tudo bem, melhor assim.


Alguns barquinhos...

Vejam o capricho da panificadora

Ainda teve a parada num dos inúmeros cafés para o indefectível capuccino como desculpa para usar o banheiro

Como parte de nossos planos incluíam uma visita a Sirmione, perguntei qual a duração do passeio de barco até lá. Não dava – era uma hora para ir, 45 minutos para ficar lá e mais uma hora para voltar. Felizmente decidimos ir de carro mesmo (depois eu conto porque).

O GPS nos levou a Sirmione pelas estradinhas regionais, costeando o lago. Uma beleza. Quando chegamos lá, num primeiro momento fiquei meio que decepcionado. Não me lembrava de nada daquilo, estava achando tudo feio e sem graça. Em poucos minutos a explicação. O famoso parcheggio fica fora dos muros da cidade, e da outra vez eu tinha ido de barco, que tem o seu ancoradouro já dentro da área turística (e pedonale...).


O fosso do Castelo Scalegeri

No que chegamos no Castelo Scalegeri (aqueles mesmos de Verona que a Fátima já tinha “conversado” com eles por lá), que é a porta de entrada de Sirmione, o encanto se fez. A cidadezinha é mesmo muito tison (como todas, por sinal). Parlando, parlando, chegamos num charmoso restaurante, com mesinhas assim prá fora e vista para o lago. As mesinhas assim prá fora ficam em baixo de um caramanchão – pena que só tinha lugar dentro – mas de lá a vista para o lago era a mesma, só não tinha o charme do caramanchão. Aí fiz uma pequena descoberta triste. Quando no menu italiano se fala em “scalope”, não pensem no mesmo nosso, que é de carne. No meu prato era algo de mar, não muito agradável ao meu delicado paladar. Pena – a que era para ser a minha última refeição na Itália foi meio frustrante. Ao pagar, uma surpresa – a dona do restaurante tinha estado em Curitiba há dois anos atrás.


O Lago de Garda visto de Sirmione

Sirmione de cima da torre do Castelo - sim, subimos em mais uma torre.
Vejam o lago dos dois lados da península.

O castelo, visto de sua torre.


Saímos e fomos dar mais uma última passeada na beira do lago – tem um caminho que sai do lado do restaurante e vvvaaaaiiiii embora. Andamos um bom trecho e voltamos pelo caminho interno. Um novo passeio pelas ruazinhas de Sirmione, um último saborosíssimo sorvete de limão, e pé na estrada.

No começo, tudo bem – nossa previsão de chegada em Malpensa dava para antes de 18:30 – como nosso vôo sai 22:00, tudo tranquilo. O problema foi alguns quilômetros pra frente – de repente o trânsito simplesmente parou. Quase 45 minutos depois de anda e pára, fomos descobrir a causa – obras na estrada fechavam uma das 3 pistas e o caos se instala. Antes de saber o porquê, eu só via a previsão de chegada indicada pelo GPS indo para a frente. Traumático – cheguei a pensar que iríamos perder o vôo. Ainda bem que assim que passou esse longo trecho em obras, o trânsito se normalizou (se é que se pode dizer de normal um trânsito maluco em 4 (quatro – isso mesmo) pistas. Mas, no final, tudo deu certo. Chegamos com uma hora de atraso, mas pouco depois das oito já estávamos com o check-in feito, tínhamos passado pela imigração e aguardávamos tranquilos o horário de embarque.

É isso. Até a próxima viagem.

sábado, 4 de outubro de 2008

Fátima na Marmomacc

Levantei cheia de boa vontade, mas com uma baita enxaqueca, tomei minhas boletinhas e fui à feira com o Ivo. É descomunal, andamos quilômetros até chegar ao stand da Abirochas. Já cheguei precisando de banheiro, mais uns quilômetros para ir e voltar do banheiro, já estava cansada, dormi sentada esperando o Ivo fazer não sei bem o que. Chega de sofrer, peguei uma carona com uns Curitibanos que estavam retornando ao Hotel e prá caminha de novo. Acordei bem boa e fui às compras, adoro ir em supermercados fora, foi muito divertido para mim e será para vocês quando comerem os chocolates e otras coisitas mais que comprei. Ou melhor dizendo não comprei assim já de cara, o mercado não tinha Dinner’s, tive de deixar as compras lá e voltar com o Ivo mais tarde. Foi uma dificuldade entender que eles não trabalhavam com aquele cartão e que não tinha nenhum outro problema com o dito cujo, e fazer a moça ou melhor um monte de moças entenderem que era para guardar a compra que eu voltaria buscar mais tarde foi ainda mais difícil. Acreditam que quando voltei com o Ivo, meu intérprete oficial para assuntos de compras, quem nos atendeu foi uma brasileira??? Onde estava a desgraçada nas minhas horas de agonia?? Ou fumando lá fora ou fazendo xixi a bandida... Bom, finalmente de posse das minhas comprinhas voltamos ao hotel, jantamos por aqui mesmo e agora vou tentar descobrir como vou levar as tais “comprinhas” para casa, torçam por mim!

Notas da redação.

É verdade - ela foi na feira com o redator oficial. Só que não me falou nada sobre a dor de cabeça - só revelou a desdita lá. É forte essa mulher.

Eu, de minha parte, fiquei lá até as 18 horas. Não contei ontem, por esquecimento, mas tem uma partezinha interessante, que precisa de um breve prólogo explicativo. A Abirochas, por motivos que aqui não cabem, está com dois stands – um no pavilhão 10, e outro no pavilhão 11 (aproximadamente 1 hora de caminhada entre eles... acredite se quiser). No pavilhão 10 fica o presidente da entidade, no 11 fica o VP Adm Fin da mesma (ou seja, o redator). Muito bem. Tanto ontem, como hoje, por volta das 5 horas foi oferecido (pela Abirochas) um coquetel aos participantes. Eu estava no 10 (cujo coquetel começou antes), com um pedaço enorme de Parmegianno que tinha acabado de pegar, quando chega esbaforida uma das recepcionitas – “Seu Ivo – corre para o 11 que só estão te esperando para começar o coquetel”. Largo o parmegianno? De maneira alguma. Coloquei o dito no bolso da jaqueta e corri até lá. Sem embrulhar, sem embalagem , sem nada. Depois com mais calma o embrulhei adequadamente.

Depois do coquetel cheguei no hotel, e guardei o queijo no frigobar. Hoje, quando voltei da feira, enconto a Fátima semi dormindo no quarto e, vejam que lindo, abro a geladeira, apanho aquele manjar dos deuses (devidamente embrulhado em guardanapos, lembram?) e com todo amor do mundo o ofereço à minha Deusa. Foi lindu dimaisx, genti. Agora, vem a parte triste da história. A desgraçada enfiou tudo na boca, e não me ofereceu nem um mínimo pedacinho. Coisas por que temos que passar para manter a chama viva!!!

Nota da Fátima – o amor é lindo!

Fatima o retorno

Café de madrugada de novo, Ivo foi para a feira e eu vim fazer a minha lição de casa. Às 10h onibus e para o centro de novo!

Auto explicativo...

De cara fui no túmulo da Julieta, com direito a museu e tudo...soube hoje que ela nem morava em Verona, é tudo estória. Bem, de lá fui até a Igreja de San Fermo Maggiore, super diferente, são duas em uma, em baixo uma estilo romantico de 1065 e em cima a outra, medieval de 1313. Aí atravessei o rio e fui até o Giardino Giusti com a intenção de dar uma descançada e almoçar.

Giardino Giusti

Nem tinha onde comer e era tão lindo que andei por todos os caminhos possíveis. Sai ainda mais cansada e com fome, parei num café chamado MORO, bem rebinha mas foi emocionante, me senti assim meio parente do dono ou coisa assim...

Segundo turno, Teatro Romano e Museu Arqueológico. Também estava tudo preparado para um show. A vista que se tem dali é o que há de mais interessante. Aí percebi que uma cúpula ainda mais alta que eu via de longe não era isto e sim um museu Africano, não fui até lá conferir. Meu último objetivo segundo o guia a Igreja de San Giorgio in Braída estava fechada e eu lá não sei onde...comecei a voltar rumo ao centro, vendo vitrines, tomando sorvete de limão...e 16h peguei o ônibus de volta ao hotel. Hoje vim mais cedo pois teremos o tal jantar de gala. Cheguei no hotel tirei uma soneca e fui conhecer o Shopping que descobri falando com outras mulheres é claro,que tem aqui pertinho. É uma belezura só, me aguardem amanhã vou lá de novo vestida para matar! Voltei logo para não deixar o Ivo nervoso e preparar o espirito dele para a ida as compras amanhã.

O jantar no Giardino Giusti

Lembram do Giardino Giusto??? Aquele maravilhoso?? Adivinhem onde era o jantar????? Foi fantástico, o jantar, com começo, 3 meios e vários fins, foi servido no Castelo após uma visita iluminada nos jardins que eu havia rodado a tarde!!!! Vou dormir em alfa...desculpem, mas foi o máximo mesmo. Amanhã até vou na feira com o Ivo, como penitência.


Notas da redação (Ivo) = por madrugada entenda-se 8 horas da manhã.

= As fotos não estão todas com legenda porque foram inseridas pela redação e não pela autora.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Fatima sozinha em Verona – Tadinha







Tomei café com o Ivo de madrugada só para ser companheira... Às 10h peguei o micro ônibus que o hotel disponibiliza para os hóspedes e fui para o Centro. É longe pra caramba, mas em 20 min. estava lá. Cidade limpa, sem grandes aglomeracões de turistas, linda linda...

Primeiro fui à Basilica de San Zeno Maggiore, um pouco fora do centro e no caminho ja fui ladeando o rio e apreciando o Castelvecchio com sua ponte. San Zeno é o padroeiro da cidade e sua Igreja é muito bonita, a atração principal é a porta de madeira revestida de placas de bronze de 1030 sobre a vida do santo. De cara não vi nada disso e fiquei meio sem graça, mas resolvi entrar assim mesmo, a beleza da porta estava por drentro capicce? Voltei então ao Castelvecchio e à ponte Scaligero. O Castelvecchio, além de bem vecchio mesmo é muito interessante, você anda por dentro dele todo, e passa por um museu com peças romanas e do começo do cristianismo, outro museu belíssimo de arte medieval e principio do Renascimento, principalmente de artistas do Norte. Depois de uma chegada meio trágica ao WC* tomei rumo à Arena, anfiteatro romano de 30 dc. Não é nenhum Coliseum, mas também impressiona, principalmente por ser usado até hoje, estavam desmontando os aparatos da última temporada de ópera. De lá fui à cata da casa da Julieta, Julietata tá me chamando... Todo mundo tirando foto com a mão no peito da Julieta, quis tirar uma com a mão na bunda dela para ser original, mas não achei ninguém com cara confiável para pedir. OK, vamos em frente, cheguei na Piazza Erbe, maravilhosa, cheia de barraquinhas de tudo, frutas, verduras, sanduíches, roupas e bagulhinhos de todo tipo. Acho que me empolguei e saí dali pro lado errado, perdi a Piazza dei Signori com a torre Dei Lamberti e os túmulos dos Scaligeri e cheguei na Igreja de Sant`Anastacia. Estava fechada, e fui para o Duomo, fora o Campanario estar de camisinha (conferir na foto) e a grande atracão que é a Assunção de Ticiano estar fora para restauro, o restante foi ótimo. Parada para recuperação no café mais bonito da viagem, com jardim, passarinhos e delícias...

A Arena de Verona

A casa de Julieta


Reabastecida voltei à Piazza Erbe e achei tudo que tinha passado batido, até subi na torre para deixar o Ivo orgulhoso!


O campanario de camisinha

Verona do alto

O Portão da Piazza Bra

Pena os túmulos estarem em restauro. Depois de Tonadico tomei gosto por túmulos. Como era tarde para o retorno das 16h e cedo para o das 19h resolvi ir até o tumulo da Julieta, mas no meio do caminho tinha um a Coin, tinha uma Coin no meio do caminho...entrei e olhei tudinho, comprei uma camisa para usar amanhã, que a roupa limpa já era e o tempo que eu tinha de sobra também...Peguei o onibus de volta na Piazza Bra. Jantamos no hotel e pra caminha.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

De Veneza a Verona, passando por Tonadico e San Nazario

Como falei ontem, tivemos que refazer os planos para hoje. Uma de nossas intenções originais sempre foi um passeio em Murano. Acho que ainda não falei, mas o hotel o oferecia “de graça” (com o preço que nos cobraram da diária, podiam nos “dar” muito mais do que um passeio a Murano, ma, va bene cosi). Ontem antes da descoberta do erro, tínhamos feito a reserva para as 10 horas. Hoje assim que deu 07:30, ligamos para a recepção perguntando se poderíamos alterar. Podia – antecipamos para 09:30.


A Fátima no táxi, triste porque bateu a cabeça no teto


Nos canais de Veneza


A fábrica de vidros de Murano


O artesão trabalhando

Pontualmente o guia chegou e nos levou até o táxi que iria nos levar a Murano. Um belo passeio de barco pelos canais e pela laguna de Veneza. A visita à ilha, compreende uma passada pelas fornos onde o vidro é moldado, e, óbvio, uma llooonnngggaaa passada pela coleção de peças à venda. Mas é irresistível – acabamos comprando um prato para a nossa coleção da sala, além de um colarzinho todo colorido (claro que para a Fátima – o que você está pensando?).

O táxi da volta nos deixou na Piazza San Marco, e não no Canal Grande onde fomos apanhados. No caminho para o hotel, vimos que o Palazzo Ducale estava com gente dentro – oba – estava aberto. Vamos chegar um pouco mais tarde do que o previsto em Verona. Azar, deve valer a pena. E como valeu.

O Palazzo Ducale

O pátio de tomar sol na cadeia


Nos corredores de passagem da Ponte dos Suspiros


O trajeto logo da entrada é meio estranhos, só com uns pedaçoes de colunas espalhados por dentro d`umas salas. Vai-se então à “praça” central para em seguida entrar novamente no prédio. A visita se estende por 3 andares. Além de tudo tem-se uma boa visão de como funcionava o governo da Serenissima Republica di Venezia – a gente passa, por exemplo, pela sala do Senado, pela do Conselho dos Dez, dos Quarenta, pela do Maior Conselho, etc.. A sala do Maior Conselho é impressionantemente grande. Durante o século XVI, o Maior Conselho chegou a ser composto por mais de 2.000 membros, e todos eles se reuniam ali. Lá está também uma das maiores pinturas do mundo, o “Paraíso”, dos dois Tintoretto (pai e filho), que mede 24,65 x 7,45 metros. E olhe que o lado de 24,65 é o menor da sala, e os 7,45 não são do piso ao teto – a parte de baixo da tela está bem alta em relação ao chão.

Gostamos muito também da parte da Armeria, com armaduras, espadas e outros armamentos desde os tempos d`antanho. Mas a melhor parte ainda estava por vir. Não a mais luxuosa, não a maior, mas a melhor. Saindo da Armeria, você é encaminhado para as prisões. Como se chega nas prosões? Certo, isso mesmo – pela PONTE DOS SUSPIROS. Nós suspiramos na Ponte dos Suspiros. Outra das ocasiões sem preço desta nossa viagem.



Pelas aberturas da Ponte dos Suspiros também se enxerga a Ponte della Paglia, de onde os populares ficavam vendo a passagem dos condenados pela dos Suspiros. As celas da prisão são de fazer inveja a qualquer preso brasileiro. São grandes e até que meio arejadas. Tinha inclusive pátio interno para banho de sol!

È finita Venezia. Retornamos ao hotel, pegamos as bagagens e lá fomos nós pelas ruelas estreitas para pegarmos o vaporetto em direção à Piazzale Roma onde estávamos estacionados. GPS apontando para Tonadico, e pé na estrada. Não sei se é assim mesmo, ou se o GPS estava meio perdido, mas ele não nos levou de imediato à autoestrada – passeamos por umas estradinhas maravilhosas, bem com cara de interior. Na realidade, não fomos em autoestrada mesmo em nenhum momento – apenas umas de pista duplas, outras de pistas simples, até uma que nos levaria se assim o quiséssemos para a interessante cidade de Cornuda (nos distraímos e não conseguimos tirar a foto para provar que existe mesmo uma Cornuda na Itália...). E vejam como são as coisas – italiano é machista mesmo – nunca encontramos uma indicação sequer para Cornudo. Já era hora do almoço e estávamos à procura de um lugar simpático para comermos. E êle veio em Signoressa di Trevignano, na Tratoria Sant`Elena, lugar que parece frequentado apenas por nativos. Muito bom.


Na estrada

À medida que avançávamos para o norte, a Fátima já foi notando as diferenças, não só na paisagem, mas também no estilo das casas, que ia gradualmente ficando mais “alpino”. Quanto mais subíamos, mais linda ia ficando a paisagem. O lugar doido de bonito. O problema é que não víamos nenhuma placa indicando Tonadico. Aí apareceu a primeira delas: Fiera di Primiero. Para os não iniciados nos meandros da Família Zagonel, Primiero, assim com Imer, faz parte de nosso passado. Meu bisavô era de Tonadico, mas todas elas são pequenas comunidades vizinhas, às vezes separadas apenas por um pequeno riacho. Enfim lá chegamos. Estacionamos o carro num estacionamento perto da estrada – para variar lá também tem zona proibida para carros de não residentes... Começamos a caminhar pela cidadezinha, e a primeira pessoa que encontramos e com quem tentei entabular uma conversa, foi um velinho de seus oitenta e bastante, que além de falar num italiano que era mais dialeto do Trentino, ainda era meio surdo (usava até aparelho...). Resultado da tentativa: zero.


A igrejinha

Um dos inúmeros Zagonéis já mortos


Já tínhamos observado bem no alto de um morro uma pequena igrejinha, e um onte de pessoas indo para lá. Opa – deve ser algo importante, pensamos – vamos nós também subir o morro. O interessante é que nessa excursão tinha um monte de brasileiros. Passamos batidos por eles (vocês sabem o nosso ritmo de caminhada como é que é) e, chegando lá em cima, a primeira surpresa – o nosso primeiro encontro com os Zagonéis de Tonadico. Infelizmente apenas com os mortos. No pequeno cemitério atrás da igrejinha do santo que não me lembro o nome, estava cheio de túmulos de vários ramos da família Zagonel. Mas não só Zagonel. Tinha túmulo de Corona, Turra, Jagher, Bettega, todos esse sobrenomes que temos em nossa família e na nossa cidade. Enquanto estávamos lá começaram a chegar as pessoas da excursão. Uma senhora do grupo subiu até o cemitério, e fui falar com ela – “o que um grupo de brasileiros está fazendo em Tonadico?” Daí ela me explicou que eles fazem parte de um movimento cristão (não me lembro o nome) com ramificações em todo o mundo, e que foi fundado em Tonadico por uma tal de Chiara. Tá bom – para nós não fez diferença.


Tonadico vista do alto do morro da Igreja

Descemos o morro e lá embaixo encontrei mais uma senhora. Era moradora do local. Também falava um italiano misturado com dialeto, difícil de entender, mas pelo menos ela conhecia um Zagonel dos vivos. Nos levou até a casa dele – chama-se Paolo Zagonel.


Nós e a família de Paolo Zagonel

A casa de Paolo Zagonel

Extremamente simpático, imediatamente nos convidou para entrarmos na casa dele. Uma ocasião êle já havia se correspondido com a Rosa Maria (do Luiz Fernando), e inclusive possuia um exemplar daquela brochura em que temos toda a nossa família. Gostou de saber que eu fui um dos autores do compêndio. Infelizmente, segundo ele, não devemos ser parentes – até onde ele pesquisou, somos de ramos diferentes. Não faz mal, a emoção foi a mesma. Vocês da família lembram daquele vez que fomos até a Colônia Santa Cecília para assistir a um grupo de italianos que tinha vindo para cá para cantar? Uma das pessoas do coro é irmã dele.

Enquanto conversávamos, a mulher dele nos ofereceu um café, que aceitamos. E foram chegando os filhos – um homem e uma moça. Por sinal, eles (o nono e a nona) estavam com a netinha. Tinham mais cedo ido para os bosques em torno de Tonadico para catar cogumelos. Estavam com uma bacia cheia de funghi. Um aroma excepcional.

A casa dele tem 3 pisos (e mais o porão). Ele mora no piso superior. O intermediário (onde moravam os seu pais) estava sendo reformado para que o filho passasse a morar lá. No piso térreo por assim dizer, mora a filha. No porão, onde hoje ele tem um depósito e a caldeira de aquecimento, na época da juventude de seus pais havia um estábulo onde chegavam a abrigar até 12 vacas.

Tonadico

Hora de irmos embora. Êle fez questão de nos acompanhar até o carro. No caminho, cruzamos com um outro senhor Zagonel, que estava ali só de passagem – mora na França. Já era mais de seis e meia quando pegamos a estrada de novo agora em direção a Verona.

Mas isso não é tudo. A estrada para Verona é diferente do trajeto de Veneza a Tonadico. Pois não é que, logo depois de sairmos do Trentino Alto Adige e entrarmos no Veneto, dou de cara com uma placa dizendo “San Nazario”? Para os que não conhecem as nossas variações familiares, San Nazario foi o local de onde veio o meu bisavô por parte da minha mãe, e que nos dá a cidadania italiana. Não tive dúvidas – que se lixe chegarmos mais cedo em Verona – entrei na localidade. Anda daqui, olha pra lá, acabamos parando na frente da delegacia de polícia, que fica num beco sem saída. Descemos, e achamos um bar aberto, depois de estacionarmos na frente da igreja.


San Nazario

Entramos no bar mais para usar o banheiro do que para qualquer outra coisa. Pedimos uma cocas, e fui bater um papo com os aposentados que estavam lá jogando conversa fora. Não sabiam de Redeschi, mas disseram que numa outra vila logo acima era cheio de Moro. Um deles ficou entusiamado. Disse que tínhamos que conversar com o Senhor ??? (que m – não anotei na hora e agora não me lembro do nome do sujeito), antigo funcionário da prefeitura, que conhecia todas as pessoas, que fazia as pesquisas de nomes nos arquivos, etc.. Não era para irmos embora sem falarmos com o Senhor ???, ele nos levaria até a casa dele. Dito e feito – pegamos o carro, o velinho entrou, e fomos até a casa do Senhor ???. Para variar um pouco, muito simpático. Nos acolheu (já era mais de sete da noite), a filha veio nos oferecer café, a mulher nos beijou e até brincou com a Fátima. Incrível – o Senhor ??? lembrava-se de ter visto registros de Moro Redeschi. Nos disse que frequentemente chega gente lá querendo informações sobre as famílias. Segundo ele, cada vez que chega um pedido de levantamento na paróquia, o páraco pede para que ele faça os faça. Mas isso não é tudo – no ano passado ele passou dois dias em Curitiba, durante uma viagem dele ao Brasil. Nos mostrou inclusive fotos da viagem – ele no Museu do Olho, no Parque Bariguí, em inúmeros locais turísticos de Curitiba, inclusive na Torre da Telepar!

Foram mais momentos que não tem preço, tanto em Tonadico como em San Nazario. No final de tudo, ainda consegui chegar inteiro em Verona.