domingo, 28 de setembro de 2008

Firenze – giorno tre.

Hoje o dia começou com um erro de uma hora, e um acerto de várias. Explico: como ontem, fomos de ônibus para o centro, só que dessa vez direto até a Uffizi. Preparados pelo guia, entramos na fila enorme para a compra dos ingressos. Tudo certinho, porta 2 para quem não tem reserva (como nós) e porta 1 para os precavidos com reserva, que entram quase sem espera. Depois de quase uma hora de espera, com tempo para ir na banquinha comprar jornal e tudo, vi uma espécie de placar eletrônico dando informações. A Fátima foi ver de perto, e voltou com duas notícias: uma boa e uma ruim. Primeiro a ruim – “não entendi muito o que dizia, parace que é sobre filas e tempo de espera em várias outras atrações por aí”. Agora a boa: “hoje o ingresso na Uffizi é grátis”. Viva nós. Como ela não tinha entendido direito, fui eu lá conferir. Mais notícia boa: ainda era possível fazer reservas para hoje (o segurança, simpaticamente me disse que o horário era com o computador e não com ele...). Voltei, falei com a Fátima e decidimos tentar a reserva. Entrei. O próximo horário de reseva disponível era 15:15 – ainda era por volta de 12:30. Ótima notícia, ainda mais que a reserva custava “apenas” €4,00.

A nossa programação do dia era Uffizi mais Pallazzo Pitti – uma das muitas ex residências dos Medici. Reserva feita para a Uffizi, 10 minutos de caminhada até o Pitti (o placar eletrônico da Uffizi informava o tempo de espera na fila: 0), e nova boa notícia: o ingresso aqui também era grátis hoje. Antes de visitarmos as coleções, uma rápida passada pelos Giardino Boboli. O parque Barigui particular do castelinho dos Medici. Parque Barigui em questão de tamanho, porque em acabamento...

Entramos no prédio para a primeira parte da visita: o Museo degli Argenti. Até que tinha coisas em prata, mas o que mais gostei foi a mostra de instrumentos científicos do renascimento. Astrolábios, sextantes, compassos, esquadros, níveis, a felicidade para um engenheiro. Até uma luneta que EFETIVAMENTE pertenceu a Galileu está lá. Também pudemos ver um conjunto de ferramentas de precisão que supostamente pertenceu a quem? Acertaram – ao velho Mich. Eu não queria mais sair de lá, mas...

Seguimos então para a Galleria Palatina, com uma impressionante (fazia tempo...) coleção, com incontáveis Rafaéis, Tizianos, Caravaggios, Botticellis e outros mestres do renascimento. Na sequência, passa-se pelos apartamentos reais. Uma loucura atrás da outra. Com eram pobres os coitados.

Antes das 3 e 10 estávamos na Uffizi para a nossa reserva das 15:15. Nem 5 minutos de espera e chegou a nossa vez, mesmo assim espremidos entre trilhoes de alemães, espanhóis e uma excursãso de polacos conduzidos por uma guia assustadora mais feia do que maracujá engavetado há 95 anos. Foi um trauma. Ainda bem que ela (e seus polacos) desapareceram enquanto fizemos nossa visita. Aliás, guia de excursão deveria ser uma coisa proibida. Êles, com seus no mínimo 5.000 seguidores, monopolizam as obras, e enquanto ficam durante 45 minutos explicando porque a unha do pé esquerdo daquele quadro do João da Silva tem 33 mm de comprimento, ninguém consegue chegar perto para ver o resto daquela obra do João da Silva. Que saco. Passamos o resto da tarde lá dentro.

Quando saímos (a essa altura já estávamos cansados de tanto ver santo e anjinho e madonna), escutamos sons de tambores e trompetes, vindo da Piazza della Signoria. Era a celebração da nova safra do Chianti di Rufina, que acontece todos os anos no último sábado de setembro. Muito interessante, as pessoas do evento todas vestidas à la 1500. Mas, se querem saber, o que mais gostamos foi do jeitão dos produtores de vinho, com aquele ar bem de italiano do interior, que muito me lembraram dos meus avós. De repente escutamos uma cantoria – era um outro grupo de senhores já de certa idade, todos de chapéu com pena e medalhas penduradas. Parecia que estávamos vendo a vó Elza cantando Un mazzolino di fiori... De quase chorar.

Uma rápida pausa num café para um capuccino e una cioccolata calda. E pasmem, Ivo foi às compras. Como isso aconteceu? Simples. A Fátima desde Milão falando que queria ir numa tal de loja chamada “Coin”. Peguei o guia, lá dizia rua tal, número tal. Levantamos, foi só dobrar a esquina que estávamos na rua tal, eu virei e falei para a Fátima: é ali. Estávamos parados a 2 passos de onde ela queria ir. O melhor de tudo é que entramos na loja e tinha uma sessão de roupas masculinas com uns puloveres a preços ótimos. Comprei um. O resto estava muito caro. Passeamos por toda a sessão feminina, mas a Fátima não se encantou com nada. Na saída, ela disse: poderíamos agora achar aquela loja de camisa que nos arrependemos de não parar em Milão. Eu virei e disse: deve ser nessa rua mesmo. Dito e feito – uma quadra para a frente e lá estava eu com 4 camisas novas. O preço foi ótimo. Mas não digo quanto. De enxoval refeito, pegamos o ônibus de volta ao hotel.

Seguindo indicação de nosso guia, fomos jantar na Osteria del Caffe Italiano, um ótimo restaurante no centro. Mais um pequeno trauma de centro histórico – acabamos estacionando numa vaga entre dois carros na frente da Igreja della Santa Croce (inicialmente era uma das nossas metas, mas...). O maitre do restaurante me disse que era proibido, mas que até meia noite provavelmente não ia acontecer nada, pois a polícia sabe que lá é cheio de restaurantes e turistas e fazem um pouco de vista grossa. É isso.

Um comentário:

Ana Balbinot disse...

Ivo você descobriu sua verdadeira vocação: escritor de narrativas de viagem! Muito, mas muito mesmo, mais divertido que o Turista Acidental!
Adorei a narrativa do dia!
Bjs