sexta-feira, 26 de setembro de 2008

San Gimignano, Siena e Firenze

Hoje antes de sairmos do Hotel Le Renaie, tive que ir para a internet durante mais um tempo. Resultado – tomamos café cedo, mas só conseguimos efetivamente sair às 11:30. Na saída, passamos no Santuario di Maria SS.Madre della Divina Provvidenza di Pancole, que já tínhamos visto ontem à noitinha durante nossa “passeggiata” vespertina. Hoje foi muito mais proveitoso. Acabamos descobrindo que a igrejinha (santuário é muito para ela, mas...) foi destruída pelos alemães em 14 de julho de 1944, com exceção da imagem da Madonna, que ficou intacta. Milagre, disseram os camponeses. De qualquer maneira, a comunidade local se reuniu, e conseguiu reconstruí-la apesar de todas as dificuldades pós guerra. Em 19 de outubro de 1949, uma igreja maior e, segundo eles, mais bela, foi reconsagrada. É emocionante ler o pequeno mural onde está afixada essa história. Dá para sentir a dor que eles passaram vendo o que foi feito, sem razão alguma, uma vez que na realidade os alemães estavam se retirando e minaram a igreja sem nenhum outro motivo aparente (pelo menos essa é a versão oficial).


O presépio


Santa Chiara

Ao lado da igreja, também havíamos visto a parte exterior de um presépio, com imagens em tamanho natural (inclusive uma de Santa Chiara – a Teté vai gostar dessa parte), e se vislumbrava uma continuação numa espécie de gruta. Hoje estava aberto. Tudo iluminado, entra-se num pequeno corredor subterrâneo até onde está a encenação da mangedoura. Muito bem cuidado. Parece que foi montado ontem. Essas pequenas coisas tem um significado muito grande na nossa jornada.

Muito bem, trajeto de quase 6 km, e meio dia estávamos estacionandoo carro para finalmente visitarmos San Gimignano. Como gato escaldado tem medo d`água, paramos no primeiro estacionamento que achamos. “Passear” de carro em centro histórico de novo, espero que nunca mais. Do estacionamento até a cidade em si, existe uma escada que subimos sem dificuldade (logo logo vocês vão saber a razão dessa observação...). Caminhando, caminhando... primeira parada; adivinhem onde? Quem falou no Duomo ganhou um doce. O Duomo aqui é também chamado de “Collegiata”, igreja do século 12 com inúmeros afrescos. Fomos também no Museo Civico que possui um conjunto de afrescos muito interessante chamado “Cenas de um casamento”. Aparece um casal medieval tomando banho juntos numa tina, indo para a cama (e a aia arrumando a cama com a mulher já sem roupa deitada...), entre outras. Também fomos na igreja de Santo Agostinho. Tudo com afrescos.


A Torre Grossa


O fantasma da Torre Grossa


Mas o mais importante: resolvemos subir na chamada “Torre Grossa” (Torre Grande), construída em 1311 e com 54 metros de altura. A Fátima foi logo dizendo: vai na frente, que devagar eu chego lá. Subi os 54 metros, e nada da Fátima. De repente, aparece um fantasma lá em cima. Opa – não era fantasma, era a Fátima completando o seu desafio. Dêem uma olhada na foto, e digam se ela não chegou mortinha lá em cima! Mas ela não se arrependeu – a vista é deslumbrante.


San Gimignano de cima da Torre Grossa


Descemos e nos dirigimos ao carro, passando por outros pontos da cidade, agora sem igrejas... De qualquer maneira, era um sobe e desce infindável de escadas e rampas. No caminho, paramos num barzinho e compramos uma coca, uma água, e, suspense, um ingrediente secreto que em breve será revelado.

Chegamos no carro, a Fátima um pouco recuperada, mas ainda bem abatida. GPS apontando para Siena, tomamos a estrada. Foi quando tomei o ingrediente secreto – e a Fátima meio ressabiada tomou o dela. Foi uma coisa impressionante. Acendeu como se tivessem posto fogo no rabo. Ficou totalmente elétrica, não parava de dar risada, nem parecia a mesma pessoa que é só entrar numa “macchina” que já dorme. Dormir no carro? O que que é isso? A Fátima, com o ingrediente secreto não faz a mínima idéia do que signifiquem essas palavras. Devagar, foi baixando a bola, mas não dormiu mais, chegou em Siena a mil, procurando uma torre para subir – infelizmente não tinha. Querem saber o que fez toda essa mudança? Uma simples latinha de Red Bull. Literalmente deu asas para a menina (senhora? Não, aquela senhora ficou na torre de San Gimignano...).

Chegamos em Siena. Por pouco, muito pouco mesmo, não fomos parar no centro histórico de novo. Andamos duas quadras em “zona pedonale”, mas escapamos rápido. Paramos no primeiro estacionamento que encontramos. A Fátima, lépida e faceira, foi logo saindo do carro e correndo para ver a cidade. Era um pouco longe, talvez uns 800 metros. “Cadê as escadas, cadê a torre? Quero degraus...” (existe uma certa liberdade poética nisso, mas os autores se permitem o uso contido de hipérboles...).


Santuário de Santa Catarina


O fato é que, até a primeira atração (Igreja de San Domenico ou Santuário de Santa Catarina – a padroeira de Siena), era tudo plano. Saímos dessa igreja e fomos em direção ao Duomo. Opa – rampas – a nova alegria da Fátima. Também algumas escadas e chegamos no Duomo de Siena. O Duomo na realidade é um conjunto de 4, vamos assim chamar, atrações. O primeiro local a entrarmos foi o Batistério. Em seguida, a Cripta. E dá-lhe escadas pelo caminho – mas vejam só a cara da menina.

Da Cripta, Museo dell’Opera. Aí a felicidade foi total. Pode-se SUBIR até o terraço (ou algo assim) de onde se tem uma belíssima vista de quase toda Siena. Ela chegou lá em cima antes de mim (será? Acho que aí também não, mas...) Finalmente a Catedral, o Duomo propriamente dito. Bonito, mas meio sinistro, escurão.


O Duomo


O Palazzo Publico visto de cima do Museu dell'Opera



Ói nóis na Piazza del Campo


Saímos e fomos então atrás da Piazza del Campo, onde ocorre o famoso Palio de Siena e onde fica também o Palazzo Publico com aquela famosa torre (ops – não subimos na torre – já era tarde...). Uma praça maravilhosa, toda revestida de tijolos dispostos em “espinha de peixe”. Como já estava meio frio, paramos no único café da praça que ainda recebia sol, e tomamos “un capuccino con una ciocolata calda”. Ficamos lá até o sol desaparecer atrás dos prédios. Voltamos ao carro, rumo agora a Florença.


O Palazzo Pubblico


Chegamos de noitinha e o GPS precisamente nos levou até a frente do hotel. E a Fátima já não tão elétrica, mas sem dormir por um instante sequer. Aí veio o primeiro verdadeiro contratempo da viagem. Fizemos o check-in normalmente, e, padrão Best Western, subimos para o quarto levando nossas bagagens. Quando chegamos no pequeno hall que levava ao quarto, já sentimos cheiro de cigarro. Abrimos o quarto e veio aquele “bafo”. E era não só o quarto, mas o andar de não fumantes. Desci imediatamente e pedi outro quarto, porque aquele não iria dar. Aí fui ficando cada vez mais puto da vida. Um italianinho bossal com um cabelo de viado, em vez de pedri desculpas pelo incidente e ver o que poderia fazer, simplesmente me disse que tinha que ir pessoalmente verificar. Fui junto – a Fátima com as malas esperando na porta do quarto. Foi só abrir que o viadinho viu que estava fedido mesmo. Me disse então que iria chamar a camareira para passar um perfume spray no quarto que melhorava. Imaginem vocês como fui ficando. Disse que não queria saber de nada disso, que não era esse o comportamento que eu esperva de um hotel de uma cadeia que tem um nome a zelar, e etc. etc.. Descemos para a recepção, ele já me dizendo que o hotel estava lotado, que não tinha mais quartos, e coisa e tal. Lá embaixo consultou com a outra atendente e realmente não havia mais quartos disponíveis. Incontáveis excursões de barulhentos espanhóis, já instalados e chegando. Se eu já não tivesse pago o hotel antes (afinal foi o hotel mais barato da viagem – tarifa especial da internet sem direito a desistência...). Teria pego as malas e ido embora. Restou a promessa de nos mudarem de quarto amanhã.

Contrariados, tivemos que nos conformar com o camareiro passando um spray no quarto. É a velha história – parecia que estávamos num jardim de fumantes. Para que não pensem que é só desgraça, tem duas coisas boas: o estacionamento e a internet wi-fi são grátis. Primeira vez na viagem, aleluia. Saímos para jantar numa pizzaria perto do hotel (indicação da recepcionista, que o viadinho eu não queria nem mais olhar). Estava muito bom – a Fátima pediu uma pizza e eu um calzone. Voltamos para o hotel e fomos dormir no jardim da fumaça, que amanhã tem mais.

3 comentários:

Ana Balbinot disse...

Preciso confessar uma coisa: acabei de encomendar 10 latas de Red Bull no posto de gasolina da frente de casa! CARACA!!!!! Isso deve ser uma c-o-i-s-a!!!!
Adorei as aventuras mas a nova vida de dependentes químicos me preocupa um pouco!...
Beijos 1000 e, juízo!!!

Panda Lemon disse...

meus queridos sogrinhos do meu coraçao! estou com saudades e torcendo pro spray ter dado uma amenizada no budum de cigarro.
bjos amo vcs.

Ana Balbinot disse...

Ei!
Cadê o sábado e o domingo? Estou sentindo falta!...
Vamos lá, tomem seu Red Bull e atualizemo blog, please!
Bjs