Os mais antigos lembram: costumava-se
dizer que quando algo não estava completo, era como ir a Roma e não ver o Papa.
Pois ainda não foi desta vez. A Fátima já estava meio reticente com a ideia de
irmos até a Piazza San Pietro para
assistirmos o Angelus e vermos
Francisco na janela (ela falava nisso desde que decidimos a viagem). Ontem, com o jantar com o Pe. Ricardo a decisão foi
tomada: não vamos. Ele nos falou que apenas uma vez tentou assistir ao Angelus, e mesmo tendo chegado
relativamente cedo, não conseguiu mais lugar na praça, mas apenas na Via della Conciliazione, e mesmo assim
nem na primeira quadra. Para conseguir pegar um lugar razoável na praça,
teríamos que chegar antes das sete, e ficar esperando
de pé (na chuva???) até o
meio dia. Passamos.
Em assim sendo, nada restou a não
ser antecipar o que seria a segunda parte da programação de domingo, ou seja,
uma visita às catacumbas. O Google Maps
nos ensinou que se pegássemos o ônibus 130F na estação Lepanto, com mais uma
caminhadinha no final, em cerca de 50 minutos estaríamos lá. Descendo no ponto Navigatori, iniciamos nossa caminhada
(mais ou menos 1 km) até o nosso alvo, as catacumbas de São Sebastião. No
trajeto passamos pelas catacumbas de São Calisto - era a outra sugestão da
Sílvia, uma ex aluna da Fátima que morou muito tempo em Roma. Não tivemos
dúvida - é aqui que entramos. Ingressos comprados, esperamos 20 minutos até o
horário da visita, que só pode ser feita "guiada". Vendo-se lá embaixo
o labirinto que são os inúmeros túneis, compreende-se o porque.
Onze horas em ponto começam a
chamar os grupos, de acordo com a língua falada na visita. Anteriormente
havíamos pensado em fazer o passeio em inglês, mas quando vimos que a visita em
italiano era para um pequeno grupo de apenas 8 pessoas, mudamos de ideia. A
Fátima disse que o que ela não entendesse eu explicava. Aqui que entra a
história de peregrinos em Roma. Irmão Giuseppe, nosso guia, disse que depois
que entramos nas catacumbas com ele, não interessa mais porque estamos ali
visitando, não interessa mais o credo. Lá embaixo somos todos peregrinos. Muito
bem, peregrinemos. Me desculpem mais uma vez, mas o negócio é impressionante. Descemos
até um nível intermediário - 11 metros abaixo do solo (existem catacumbas até
22 metros de profundidade, mas não são abertas ao público), ambiente bem
fresco, sem umidade, sem cheiro de mofo. Na catacumba de São Calisto foram
enterrados mais de 500 mil pessoas, das quais uns 40% de crianças - a
mortalidade infantil era muito alta naquela época. Entre os enterrados, mais de
15 Papas. De repente, Irmão Giuseppe fala várias vezes que lá esteve também o
Papa Gaio. Era Papa Gaio pra lá, Papa Gaio pra cá, que nem sei mais se não era
o papagaio de estimação de alguém (não seria o Zé Carioca?) que esteve por lá.
Tivemos que nos conter para não rirmos.
Terminada a visita, fomos pegar o
ônibus da volta. Turista que nunca pegou transporte coletivo no sentido errado
que atire a primeira pedra. Quando percebi que estávamos indo para o lado
errado, perguntei para o motorista que me orientou a descer aqui e esperar pelo
ônibus certo ali. Depois de uns 20 minutos de espera, veio o 118 na direção
certa. Era o mesmo ônibus, já na volta para o centro. Podíamos ter ficado
dentro sentadinhos, e não de pé no ponto. Coisa de neófitos.
Termi di Caracalla - a foto não faz justiça ao tamanho! |
Muito bem. A sequencia era uma
parada nas Termas de Caracalla. Quase perdemos o ponto. Fátima viu umas ruínas enormes e com firmeza
falou: é aqui, vamos descer. Meio descrente, desci. Era ali mesmo. Ponto para
ela. Me ajudem a encontrar novos adjetivos, porque dizer que as termas são
impressionantes, sensacionais, espetaculares, já não serve. Fica-se imaginando
o povo Romano aproveitando toda aquela estrutura enorme, finamente decorada.
São salas e mais salas, paredes altíssimas, restos de pavimento ainda originais,
fragmentos dos mosaicos da decoração das paredes! Esses romanos eram f. mesmo!
Só para dar uma ideia, o prédio principal mede 412 x 393 metros. Só de mármore
para colunas e revestimentos, foram usados 6.300 m³ (por volta de 200.000 m²
equivalentes)! Incrível.
|
Um dos mosaicos que decoravam as termas |
O Palatino, visto do Circo Massimo, a caminha da Bocca |
Bom, chega de tergiversar. Vamos
para frente. Saímos de lá e fomos caminhando até a Igreja de Santa Maria in Cosmedin, onde está a
famosa Bocca della Verità. Fila para
entrar. Dá para ver a Bocca pela
grade. Óbvio, deixamos de lado - apenas uma foto da dita e pronto.
A feirinha na Via dei Fori Imperiali |
Próximo destino, a igreja de San Pietro in Vincoli, onde está Moisés
de Michelangelo. Já era hora do almoço e no caminho paramos num restaurante
simpático, onde pedimos uma salada mista e um gnocchi ao pesto. Dos melhores gnocchi's
que já provamos nessa nossa ainda curta existência. De lá, para chegarmos ao
Moisés, vai-se pela Via dei Fori
Imperiali. Agradável surpresa. A rua aos Domingos fica fechada para carros.
Além da tranquilidade, tinha também uma pequena feira de produtores artesanais
(e orgânicos). Mais uma brilhante ideia da Fátima: compramos un etto (100 g) de um delicioso queijo
chamado Caciocavallo, e uma mini
garrafa de olio di oliva. Estávamos
com meio jantar pronto.
A corrente em que, diz a lenda, São Pedro foi aprisionado |
Voltemos à programação. Saindo da
feirinha, em mais uns poucos minutos chegamos em frente de Moisés. Meio óbvio,
mas continua de cair o queixo. Ainda mais que uma boa alma resolveu desapegar
de um euro e colocou a moedinha mágica que acende as luzes sobre a escultura.
Mas nossa tarde ainda não estava completa. Fomos agora até a igreja de Santa Maria Maggiore. Chega de
adjetivos. Cheguem você mesmos às conclusões que quiserem, olhando as fotos...
O teto de Santa Maria Maggiore |
O Baldaquino da mesma! |
Saindo da igreja, o sorvetinho de
limão da tarde, pequena caminhada até a Estação Termini, e metro para o hotel.
Pequeno período de repouso e saímos atrás de uma panificadora para completar os
ingredientes do nosso jantar. Panificadoras fechadas no Domingo à tarde.
Compramos umas torradinhas integrais, facas de plástico e vamos para o hotel degustar as nossas especiarias.
Jantar bom, bonito e barato. Nada melhor para fechar a nossa estadia em Roma.
Amanhã pela manhã pegamos a estrada rumo a Milão.
5 comentários:
Muito legal acompanhar a viagem de vocês!!! Me deu vontade de voltar a Itália! Principalmente qdo vcs comentaram do piquenique no hotel com talheres de plástico..... Comprar queijo, vinho, azeite, pãezinhos na rua, acho isso delicioso!
Pena a multidão, mas faz parte... Há quase 10 anos eu coloquei a mão da boca da verdade, hehehehe ah... Tb joguei a moedinha na Fontana! Quero voltar!!!
Boa viagem a Milão, volto para ler!
Um abraço!
Ana.
Oi Ana
Que bom que está gostando. A ideia é essa: recordar e querer voltar para quem já esteve, dar vontade de vir para quem nunca veio!
Beijos
Ivo e Fátima
Finalmente consegui entrar no blog, hahaha! Como sempre, adorei as peripécias dos dois! Fiquei com saudades de Roma e já resolvi que o filme da noite será À Roma com Amor.
Eu amei as Termas de Caracala e também as catacumbas, e peguei os ônibus certos para os lados certos! Ler o blog é como viajar de novo,uma delícia!
Beijos
Que belos peregrinos vcs são, estão lindos mesmo nas fotos! E realmente, a grandiosidade da história é uma coisa de tirar o fôlego! Aguardando os relatos di Milano!
Baci, miei carissimi =)
Querida Ana
Que bom te ter de volta! Rápdio comentário porque a internet aqui em Orvieto é muito instável...
Pandinha linda
Esta viagem está mais para peregrinação mesmo, de tanta igreja que estamos vendo!
Beijos em ambas
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