segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Onde vamos, a chuva vai atrás

Conforme previsto, por volta das nove estávamos tomando nosso último café da manhã no Residenze dei Quiriti. Por volta das 10 horas saímos do hotel, após um bom papo com os donos do mesmo que nos deram algumas boas dicas a observarmos no nosso trajeto até Milão. Andamos até o metro e rapidamente estávamos na estação Termini no balcão da Hertz. Nosso Cinquecento estava lá reservado direitinho, num estacionamento a 200 m da estação. Como qualquer grande estação de transporte, as imediações são horríveis. O trajeto até o estacionamento foi deplorável. Subimos ao 7.° andar do estacionamento, e lá estava o nosso 500 branco nos esperando. Completamente sem gasolina. GPS apontando para Viterbo, uma pequena parada para abastecermos, um pequeno zig onde deveríamos ter feito um zag (ops - desculpem-me...) e logo estávamos na estrada.

O Lago di Vico
Depois de algum tempo de autoestrada, entramos numa pequena estrada vicinale. Muito bonita! Em um certo ponto, vimos uma placa: Lago di Vico. Não pensamos nem meia vez - entramos. A estradinha que levava ao lago foi BEM melhor que o lago em si - meio sem graça. Como paramos próximo a um restaurante, e já estava quase no horário do almoço, pensamos: vamos almoçar por aqui! Mudamos de ideia rapidamente - a placa dizia qualquer coisa tipo "menu econômico a partir de 25 euros por pessoa". Pode ser econômico para italianos cheios da grana, mas não para nós.


Voltamos para o carro, já sentindo algumas gotas de chuva, e demos mais uma olhada no guia. Perto do lago (a 4 km) fica Capararola. Que tal irmos até lá? Ok, vamos. Tiro no pé, não vale a pena - a única "atração" era um tal de Palazzo Farnese, que além de estar precisando urgente de uma restauração, estava fechado. Desperdiçamos pelo menos meia hora de nosso precioso tempo! Mas fazer o que? Nada além de se conformar e seguirmos viagem em direção a Viterbo, nosso primeiro destino "original".

O Duomo de Viterbo
Viterbo vale a pena a parada. Primeiro porque achamos um restaurantesinho onde conseguimos almoçar os dois por 9,90 euros! Segundo porque tem o que ver, e vale a pena ver! Primeiro de tudo fomos ao Duomo. Logo ao lado fica o Palazzo Papale. Ambos simples (comparados às igrejas de Roma), mas bonitos. Depois disso, caminhamos até o bairro medieval de San Pellegrino. Parece que voltamos no tempo.



 
Cenas de Viterbo



A chuva em Montefiascone
Estrada de novo, agora em direção a Montefiascone. Mais uma chuvinha no caminho, mas pouca coisa. Quando chegamos lá, só víamos chuva ao redor. Pegamos os nossos guarda chuva, e subimos a escada até a igreja de Santa Margherita. Segundo nosso guia, ela tem um domo construído em 1.670, que só perde em tamanho para o da Basílica de São Pedro. A igreja em si praticamente "se resume" ao domo - fora um presépio mecanizado muito do legal. De qualquer maneira, vale a pena. De lá já pegamos o caminho para Orvieto. Na saída de Montefiascone, passa-se na igreja de San Flaviano, do século 12, com alguns afrescos ainda muito bem conservados.
O presépio do Duomo de Montefiascone
 
Um dos afrescos da igreja de San Flaviano em Montefiascone.
Reparem nas caveiras
Quando o GPS indicava uns 6 ou 7 km até Orvieto, algo mágico aconteceu. Da estrada tem-se uma vista fenomenal do monte onde fica a cidade, e no exato momento em que passávamos, chovia ao redor de toda colina, menos na própria, onde o sol brilhava intensamente. Se quiséssemos definir algo próximo ao paraíso, certamente essa vista seria uma séria candidata. Entramos em Orvieto já depois da 6 da tarde. Não tenham dúvidas, nos perdemos no emaranhado de vielas da pequena cidade. Passamos por ruas que não sobrava mais do que 20 cm de cada lado no nosso cinquecento, que se revelou a opção ideal para andar nessas cidades com ruas medievais. Após várias idas e vindas, com um medo danado de entrarmos em zona proibida e sermos multados como fomos em 2008, conseguimos estacionar.
Orvieto sob o sol da Toscana.
A foto não faz justiça ao que os olhos viram.


Já era tarde, ia ficando difícil seguirmos viagem até Montepulciano ou Montalcino como inicialmente previsto. Vimos então um prédio muito interessante no qual fica o Hotel Reale. Entramos para dar uma olhada - ih, não é para o nosso bico. Mesmo assim, subimos até a recepção pela ampla escada de mármore protegida por um belo tapete. Avete una camera doppia per oggi? Si, sicuro! E quanto costa? 70 euros! Pequena pausa para reflexão! Puxa, por 70 euros, com esse requinte todo, vamos ficar. A Fátima ficou acertando as coisas enquanto eu fui buscar o carro no estacionamento para trazer para a frente do hotel. A ilusão acabou ali. Quando cheguei no andar do quarto, já comecei a achar meio que meia boca. A Fátima me abriu a porta, e já foi dizendo: parece mais velho que a casa de nossos avós! Realmente, parece que os móveis foram comprados antes dos anos 50, e nuca mais trocados. O banheiro tem cara de 1900 e bolinhas! Mas, quer saber, tanto faz! Afinal, como diria nosso amigo Alexandre, é velhinho mas é bem limpinho.
A escadaria em mármore do Hotel Reale
em Orvieto.
Bagagem descarregada, saímos imediatamente para ver se ainda pegávamos alguma coisa aberta. Rapidamente chegamos no Duomo, para variar a principal atração da cidade. Óbvio, já estava fechado (já era mais de 18:30). De qualquer maneira, externamente é do peru... Paramos num lugar abrigado da chuva, e vimos o que tentar fazer em seguida. Sei lá, vamos andar por aí e ver se achamos algo aberto. Fomos andando meio que sem rumo, pensando que estávamos na direção certa de um tal de Pozzo di San Patrizio, tal como dizia uma placa. Creio que mais uma vez pegamos o caminho errado, pois sentimos que estávamos cada vez mais nos afastando do centro histórico. Resolvemos pegar um atalho e quando percebemos estávamos efetivamente no caminho de volta para o hotel.
O Duomo de Orvieto
 
Nosso jantar de hoje
 
A vista do nosso quarto do hotel


Na ida para o Duomo, passamos num pequeno mercado. É aqui que na volta vamos comprar o nosso jantar de hoje. Entramos, compramos um farnel de fazer inveja a muita gente (só para dar uma pequena ideia: Gorgonzola DOP, Parmigiano Reggiano idem, um belo Chianti, óleo de oliva, vinagre balsâmico cremoso, uma bela salada pré preparada, 100 gramas de presunto à base de ervas, manteiga, pratos e garfos descartáveis...), montamos a nossa mesa e nos fartamos com as delícias italianas.
Isso posto, nada mais tenho a declarar. Até amanhã.

 


4 comentários:

Panda Lemon disse...

Náss, sabe que a narrativa tá tão boa que nem precisou das fotos, fiquei imaginando o parking lot assustador, o Monte ensolarado com a chuva em volta, a vila medieval, o hotel meio meia boca, enfim! Quantas aventuras! E que jantinha deliciosa, mmmm, mas e o vinho? Eu quando for vou completar tudo isso com vinho. Hehehe. Bruno tá dodoi hoje foi trabalhar e voltou pra casa jururu, fiz uma sopinha com frango, batata, abobrinha, tomate, cenoura, iamiam, ficou muito boa. Vou cuidar do meu baby agora. Bjos

Ivo disse...

Pandinha linda

Cá estão as fotos! Você que é uma leitora muito da boa, que tudo capta sem esforço.

De notícias do Bruno

Ana Balbinot disse...

Concordo com a Panda, a narrativa é tão boa que as fotos não são indispensáveis, mas ficaram muito boas!

Ivo disse...

Oi Ana

Vocês estão me deixando convencido... É muito elogio para um Ivo só!

Beijos (no Gafa, abraços)

Ivo