segunda-feira, 27 de maio de 2024

Ciao Siracusa, Buon Giorno Agrigento

Dia 27 de maio – Ciao Siracusa, Buon Giorno Agrigento

Mais um bom café da manhã, terminar de arrumar as malas, e nos despedirmos já com saudades da Masseria Testaferrata. Hotel lindo, agradável, silencioso, etc.

Por volta de 09:20, pé na estrada para um dia de surpresas desagradáveis e surpresas boas (essas superaram as outras...). Inicialmente o GPS estava apontando para Piazza Armerina (em breve mais detalhes). Como o caminho passa perto de Catania, resolvemos entrar na cidade por duas razões – ir em uma loja de material artístico procurar coisas para a Fátima, e visitar o Duomo, muito elogiado nos vários comentários sobre Catania.

A primeira surpresa desagradável veio uns poucos quilômetros antes da entrada para Catania, onde enfrentamos mais um congestionamento em estradas italianas. Dessa vez era obra. Tudo bem, vencemos a dificuldade e entramos na cidade. Direto para a loja indicada pelo dono da boutique Fabriano de Taormina. A surpresa não foi propriamente desagradável, pois, como já era esperado, a loja era pequena e obviamente não tinha o Fabriano Classico 5 grana fina. Tudo bem. É assim a vida do ilustrador botânico. Mas como dizia uma antiga colaboradora doméstica na casa dos meus pais, “quem percura acha”, logo, algum dia Fátima será feliz nesse quesito Fabriano!

Saímos da loja em direção ao Duomo. Quase tudo certinho em direção ao estacionamento perto do Duomo, só que, na hora H, eu fiz um zig ao invés de um zag, e perdemos (perdemos não, porque a culpa foi só minha...) a entrada do estacionamento. Voltas intermináveis num trânsito maluco e conseguimos chegar de novo no estacionamento, digo, na entrada do estacionamento, de onde víamos uma parte da igreja. Aí vem mais uma surpresa desagradável. Tinha uma pequena fila (uns 4 carros na frente) da gente. Assim que chegamos eu vi que o primeiro da fila já passou pela cancela da entrada, a fila avançou um pouco e parou. Conclusão: só entrava um carro depois que lá do outro lado saia um. Ficamos talvez mais de 15 minutos parados, e nada da fila se mexer. Uma pequena tempestade cerebral e o grupo decidiu que era hora de desistirmos do Duomo de Catania. Aliás, Catania em si foi outra desagradável surpresa. A cidade é feia, sem graça, suja, sei lá mais o que de ruim.

Pegamos a estrada novamente, agora em direção a Piazza Armerina, mais precisamente para a Villa Romana del Casale. Essa foi a mais espetacular surpresa que poderíamos ter tido, que nos fez rapidamente esquecer a frustração de Catania. Devemos essa visita ao Henrique, irmão do Hamilton, que fortemente havia recomendado o local. Ingresso comprado, fomos até a villa. Tudo nela é impressionante, mas a verdadeira atração são os pisos em mosaico. Um nível de detalhes na representação das várias cenas que são simplesmente de cair o queixo. Quando você acha que nada pode ser melhor que o mosaico que você acabou de ver, o próximo te faz cair o queixo novamente. Usando agora o lugar comum, uma foto de um mosaico desses vale por bem mais do que mil palavras. Mais detalhes aqui: Villa Romana del Casale - Patrimonio Mondiale dell'Umanità UNESCO.






Uma área em restauração


















Saindo da visita fizemos um pequeno lanche por lá mesmo, e vamos para Agrigento (já adiantando, Agrigento rivaliza com pequena vantagem – ou seria desvantagem, já que é para pior – em relação a Catania no quesito feiura, ruas tortuosas e sujeira pela rua). Chegamos por volta das dezessete horas. Hoje definitivamente não era o meu dia na boleia. Mais duas vezes fiz zig ao invés de zag, mas conseguimos chegar no nosso hotel, o Oneira Rooms. Outra agradável surpresa. Embora já tivéssemos visto boas avaliações do local, fomos surpreendidos pela qualidade de tudo. A dona do hotel é uma francesa que mora há 40 anos em Agrigento. Muito simpática, nos passou várias informações sobre a cidade, mostrou tudo no mapa e inclusive nos entregou uma folha de “instruções” sobre o que fazer (e como) em português!

Depois disso, nos levou aos nossos quartos. O casal de velhinhos ficou num quarto do primeiro andar. Já o casal jovem está agora escrevendo o blog de um quarto no segundo andar, sem elevador (hahaha). Os quartos em si são modernos, tudo novo, uma beleza mesmo.

Depois de um tempinho para nos ajeitarmos nos quartos, saímos em direção à via Atenea, a principal rua turística daqui. Como sempre ocorre em relação à área turística, por ali as coisas são mais limpas e mais bonitas. Caminhamos por ela do começo (Piazza Aldo Moro) ao fim (Teatro Pirandello). Luigi Pirandello é um filho de Agrigento, então muita coisa por aqui tem o seu nome.

Via Atenea



Olha eles com Andrea Camilleri

Fomos caminhando devagar. Então, quando chegamos no Teatro Pirandello o horário de visitação já estava encerrado, mas nos deixaram entrar (deixaram maneira de dizer – você entra desde que pague os 2,50 euros do ingresso). O teatro é bem bonito, mas não é nada de mais.

O Teatro Pirandello




Mais uma tempestade cerebral. Vamos subir até a Chiesa Santa Maria dei Grecci e até o Duomo, ou não. Para arrependimento de muitos, resolveu-se ir. Depois de muito sobe escada, sobe rampa, sobe escada, sobe rampa, sobe escada, sobe rampa (não é figura de linguagem aqui – sobe-se MUIIITA escada e MUIIITA rampa) chegamos na igreja de Santa Maria dos Gregos. Ela tem esse nome porque o prédio inicialmente era um templo grego que mias tarde (não sei quando) foi transformado em igreja católica. Mais uma surpresa desagradável. Chegamos no lugar certo no horário errado. Já estava fechado...

Mas somos bravos e não desistimos (quase) nunca. Tinha uns jovens sentados na frente da igreja e perguntei como se chega ao duomo – siga em frente que logo chega lá. Muita escada, perguntei eu? Nada, umas duas ou três escadinhas, o resto é rampa. Suspense. Informação correta ou fake news? Ganhou o prêmio quem escolheu a primeira alternativa. Muito bem. Chegamos na igreja. Mais uma decepção: a sujeira na praça frontal. Achou pouco? Tem mais. Para chegar na igreja mesmo, você tem que subir mais 3.862 degraus (Uma pequena hipérbole. Você não acreditou nessa, né? Ainda bem). A igreja externamente é muito bonita, mas obviamente já estava fechada. Fátima e eu subimos até a entrada da igreja. Uma bela vista. Poderíamos até ter ficado mais um pouco, que em alguns minutos já seria o pôr-do-sol, mas a fome estava começando a apertar para quase todos. Menos para um do grupo. Quem me conhece bem sabe que sou meio faquir – nunca tenho fome...




Entre pegar um Uber (quinze euros) ou ir caminhando até um restaurante na Via Atenea, resolvemos pela caminhada, já que para baixo todo santo ajuda. Quando achei estávamos já perto de um dos restaurantes indicados pela dona do hotel, fui verificar no Google se realmente estávamos perto, quando vi que ele não abre nas segundas feiras. Olhamos alguns por perto e resolvemos ficar em um situado numa travessinha da via principal, no meio de uma subidinha de degraus bem largos. Cada “degrau”, uma mesa. O atendimento era feito pelo casal dono do lugar. Ele subia e descia aquela escada num ritmo alucinante. No final, tivemos uma refeição muito boa.

Com a temperatura baixando, era hora de voltarmos para o hotel, tomarmos um bom banho quente, e caminha. Só que não. Tem um carinha aqui que inventou de fazer um blog e agora tem que levá-lo adiante, custe o que custar.

Até amanhã.

3 comentários:

Panda Lemon disse...

Eita, quanta confusão! Mas fico feliz que as surpresas boas superaram as mais desagradáveis. Alucinante mesmo aqueles mosaicos, fiquei curiosa quanto às imagens, eram representações de mitologia greco-romana? Era na vila inteira, ou somente nos prédios mais abastados?

Ivo disse...

Na realidade a maioria não era representação de mitologia! Eram cenas da vida real, representando desde caça a animais até frutas de acordo com a estação do ano (tanto as frutas como os animais eram "reconhecíveis"). Alguns cômodos sim, tinham representações mitológicas, mas eram minoria.
Os mosaicos revestiam o piso de todas as dependências da casa, desde as áreas de serviço até as áreas privadas do dono do complexo!

Alexandre disse...

Show estes mosaicos