Dia 27 de maio – Ciao Siracusa, Buon Giorno Agrigento
Mais um bom café da manhã, terminar de arrumar as malas, e nos
despedirmos já com saudades da Masseria Testaferrata. Hotel lindo, agradável,
silencioso, etc.
Por volta de 09:20, pé na estrada para um dia de surpresas
desagradáveis e surpresas boas (essas superaram as outras...). Inicialmente o
GPS estava apontando para Piazza Armerina (em breve mais detalhes). Como o
caminho passa perto de Catania, resolvemos entrar na cidade por duas razões –
ir em uma loja de material artístico procurar coisas para a Fátima, e visitar o
Duomo, muito elogiado nos vários comentários sobre Catania.
A primeira surpresa desagradável veio uns poucos quilômetros
antes da entrada para Catania, onde enfrentamos mais um congestionamento em
estradas italianas. Dessa vez era obra. Tudo bem, vencemos a dificuldade e
entramos na cidade. Direto para a loja indicada pelo dono da boutique Fabriano
de Taormina. A surpresa não foi propriamente desagradável, pois, como já era esperado,
a loja era pequena e obviamente não tinha o Fabriano Classico 5 grana fina.
Tudo bem. É assim a vida do ilustrador botânico. Mas como dizia uma antiga
colaboradora doméstica na casa dos meus pais, “quem percura acha”, logo, algum
dia Fátima será feliz nesse quesito Fabriano!
Saímos da loja em direção ao Duomo. Quase tudo certinho em
direção ao estacionamento perto do Duomo, só que, na hora H, eu fiz um zig ao
invés de um zag, e perdemos (perdemos não, porque a culpa foi só minha...) a
entrada do estacionamento. Voltas intermináveis num trânsito maluco e
conseguimos chegar de novo no estacionamento, digo, na entrada do estacionamento,
de onde víamos uma parte da igreja. Aí vem mais uma surpresa desagradável. Tinha
uma pequena fila (uns 4 carros na frente) da gente. Assim que chegamos eu vi
que o primeiro da fila já passou pela cancela da entrada, a fila avançou um
pouco e parou. Conclusão: só entrava um carro depois que lá do outro lado saia
um. Ficamos talvez mais de 15 minutos parados, e nada da fila se mexer. Uma
pequena tempestade cerebral e o grupo decidiu que era hora de desistirmos do Duomo
de Catania. Aliás, Catania em si foi outra desagradável surpresa. A cidade é
feia, sem graça, suja, sei lá mais o que de ruim.
Pegamos a estrada novamente, agora em direção a Piazza
Armerina, mais precisamente para a Villa Romana del Casale. Essa foi a
mais espetacular surpresa que poderíamos ter tido, que nos fez rapidamente
esquecer a frustração de Catania. Devemos essa visita ao Henrique, irmão do
Hamilton, que fortemente havia recomendado o local. Ingresso comprado, fomos até
a villa. Tudo nela é impressionante, mas a verdadeira atração são os
pisos em mosaico. Um nível de detalhes na representação das várias cenas que
são simplesmente de cair o queixo. Quando você acha que nada pode ser melhor
que o mosaico que você acabou de ver, o próximo te faz cair o queixo novamente.
Usando agora o lugar comum, uma foto de um mosaico desses vale por bem mais do
que mil palavras. Mais detalhes
aqui: Villa Romana del Casale - Patrimonio Mondiale
dell'Umanità UNESCO.
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Uma área em restauração |
Saindo da visita fizemos um pequeno lanche por lá mesmo, e
vamos para Agrigento (já adiantando, Agrigento rivaliza com pequena vantagem –
ou seria desvantagem, já que é para pior – em relação a Catania no quesito
feiura, ruas tortuosas e sujeira pela rua). Chegamos por volta das dezessete horas.
Hoje definitivamente não era o meu dia na boleia. Mais duas vezes fiz zig ao
invés de zag, mas conseguimos chegar no nosso hotel, o Oneira Rooms. Outra
agradável surpresa. Embora já tivéssemos visto boas avaliações do local, fomos
surpreendidos pela qualidade de tudo. A dona do hotel é uma francesa que mora
há 40 anos em Agrigento. Muito simpática, nos passou várias informações sobre a
cidade, mostrou tudo no mapa e inclusive nos entregou uma folha de “instruções”
sobre o que fazer (e como) em português!
Depois disso, nos levou aos nossos quartos. O casal de
velhinhos ficou num quarto do primeiro andar. Já o casal jovem está agora escrevendo
o blog de um quarto no segundo andar, sem elevador (hahaha). Os quartos em si
são modernos, tudo novo, uma beleza mesmo.
Depois de um tempinho para nos ajeitarmos nos quartos, saímos
em direção à via Atenea, a principal rua turística daqui. Como sempre ocorre em
relação à área turística, por ali as coisas são mais limpas e mais bonitas.
Caminhamos por ela do começo (Piazza Aldo Moro) ao fim (Teatro Pirandello).
Luigi Pirandello é um filho de Agrigento, então muita coisa por aqui tem o seu
nome.
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Via Atenea |
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Olha eles com Andrea Camilleri |
Fomos caminhando devagar. Então, quando chegamos no Teatro Pirandello o horário de visitação já estava encerrado, mas nos deixaram entrar (deixaram maneira de dizer – você entra desde que pague os 2,50 euros do ingresso). O teatro é bem bonito, mas não é nada de mais.
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O Teatro Pirandello |
Mais uma tempestade cerebral. Vamos subir até a Chiesa Santa Maria dei Grecci e até o Duomo, ou não. Para arrependimento de muitos, resolveu-se ir. Depois de muito sobe escada, sobe rampa, sobe escada, sobe rampa, sobe escada, sobe rampa (não é figura de linguagem aqui – sobe-se MUIIITA escada e MUIIITA rampa) chegamos na igreja de Santa Maria dos Gregos. Ela tem esse nome porque o prédio inicialmente era um templo grego que mias tarde (não sei quando) foi transformado em igreja católica. Mais uma surpresa desagradável. Chegamos no lugar certo no horário errado. Já estava fechado...
Mas somos bravos e não desistimos (quase) nunca. Tinha uns
jovens sentados na frente da igreja e perguntei como se chega ao duomo – siga em
frente que logo chega lá. Muita escada, perguntei eu? Nada, umas duas ou três
escadinhas, o resto é rampa. Suspense. Informação correta ou fake news? Ganhou
o prêmio quem escolheu a primeira alternativa. Muito bem. Chegamos na igreja.
Mais uma decepção: a sujeira na praça frontal. Achou pouco? Tem mais. Para
chegar na igreja mesmo, você tem que subir mais 3.862 degraus (Uma pequena hipérbole. Você não
acreditou nessa, né? Ainda bem). A igreja externamente é muito bonita, mas
obviamente já estava fechada. Fátima e eu subimos até a entrada da igreja. Uma bela
vista. Poderíamos até ter ficado mais um pouco, que em alguns minutos já seria
o pôr-do-sol, mas a fome estava começando a apertar para quase todos. Menos
para um do grupo. Quem me conhece bem sabe que sou meio faquir – nunca tenho
fome...
Entre pegar um Uber (quinze euros) ou ir caminhando até um restaurante na Via Atenea, resolvemos pela caminhada, já que para baixo todo santo ajuda. Quando achei estávamos já perto de um dos restaurantes indicados pela dona do hotel, fui verificar no Google se realmente estávamos perto, quando vi que ele não abre nas segundas feiras. Olhamos alguns por perto e resolvemos ficar em um situado numa travessinha da via principal, no meio de uma subidinha de degraus bem largos. Cada “degrau”, uma mesa. O atendimento era feito pelo casal dono do lugar. Ele subia e descia aquela escada num ritmo alucinante. No final, tivemos uma refeição muito boa.
Com a temperatura baixando, era hora de voltarmos para o
hotel, tomarmos um bom banho quente, e caminha. Só que não. Tem um carinha aqui
que inventou de fazer um blog e agora tem que levá-lo adiante, custe o que
custar.
Até amanhã.
3 comentários:
Eita, quanta confusão! Mas fico feliz que as surpresas boas superaram as mais desagradáveis. Alucinante mesmo aqueles mosaicos, fiquei curiosa quanto às imagens, eram representações de mitologia greco-romana? Era na vila inteira, ou somente nos prédios mais abastados?
Na realidade a maioria não era representação de mitologia! Eram cenas da vida real, representando desde caça a animais até frutas de acordo com a estação do ano (tanto as frutas como os animais eram "reconhecíveis"). Alguns cômodos sim, tinham representações mitológicas, mas eram minoria.
Os mosaicos revestiam o piso de todas as dependências da casa, desde as áreas de serviço até as áreas privadas do dono do complexo!
Show estes mosaicos
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